acabou o arroz e o cream cheese? não tem problema, vamos fazer compras. mas, ao invés de ir à pé ao Pão de Açúcar da 304 sul, quem gosta de carros pode querer fazer algo diferente. peguei o meu, coloquei o “Dots and loops” do Stereolab, atravessei a W3 até o final da Asa Norte e peguei a ponte do Bragueto rumo ao principado do Lago Norte.
lá chegando, fiquei entrando e saindo das pistas dos CAs, até achar algo interessante: uma reta, enorme e sem pardais, com duas pistas mais acostamento. e que, ainda por cima, termina em uma curva cega em declive… perfeita para acelerar um pouco, o que não fiz desta vez. na próxima vai ter de rolar um pé embaixo, ô se vai.
já ao som do segundo disco da minha coletânea da Françoise Hardy, peguei a estrada que contorna por fora o Lago Paranoá, que criminosamente é coalhada de pardais. quando o carro chegava em 130, 135, já é hora de desacelerar. de vez em quando um carro de manés emparelhava comigo, mas era só jogar uma quarta e deixá-los comendo poeira. e assim cruzei para o outro lado do Plano Piloto, descendo pelo Lago Sul em velocidade de cruzeiro, coisa tipo 70 km/h.
parei no Carrefour da QI 25 e comprei o que precisava: arroz integral em saquinhos, cream cheese, desodorante… e uma Amstel Pulse para beber num sábado à noite. andando calmamente pelo bairro mais gostoso da cidade, não resisti a dar uma pescoçada na Modena Motors e ver o que tinha por lá.
ah, que tentação: mal eu miro os importados em exposição e encontro uma Mercedes-Benz CLS, preta, daquelas que serão minhas em cinco anos. apesar de carros pretos não serem grande coisa, a CLS foi feita para essa cor, e essa ainda não era qualquer uma: tratava-se de um exemplar de CLS 63 AMG, o cúmulo da moderna engenharia alemã.
e como se não bastasse eu estar diante do cúmulo da moderna engenharia alemã, ainda havia uma raríssima S 600 C, beige, estacionada logo abaixo, sem que eu pudesse ter certeza se está à venda ou não. tem uns quinze anos de uso, mas é absolutamente relevante por alguns motivos:
– foi o primeiro carro do mundo a trazer controle de estabilidade eletrônico (ESP);
– se a produção dela já foi pequena, as unidades que vieram para o Brasil possivelmente são contadas nos dedos das mãos – e sobrarão dedos;
– quantos carros com motor de 12 cilindros você viu hoje?
absurdo. e mais absurdo ainda foi que, continuando meu trajeto, vi uma classe S da atual geração (o carro que Miranda Priestley usa quando está na França em “O diabo veste Prada”), também beige (!!!), em frente ao Gilberto Salomão. e o mais curioso é que ela estava com placas cinzas normais – geralmente esse veículo é adquirido por representações diplomáticas. não consegui ver qual o motor que sopra essa uma, já que virei à direita para pegar a ponte das Garças.
aproximando-me da ponte pela pista da direita, de repente um Ford Fusion veio embalado pela pista da esquerda e, pouco antes da barreira eletrônica de 50 km/h, emparelhou comigo e botou o nariz à minha frente. segundos depois, ele registrou passagem na barreira a 50 km/h, cravados… e eu também. sem sair da quinta marcha, pisei no acelerador e o ultrapassei de volta, disparando de forma surpreendente até para mim mesmo. ele tentou me acompanhar… e desistiu pouco depois, haha.
mas o que valeu mesmo foi ver esses raros exemplares de Mercedes-Benz, minha atual obsessão. vamos lá, essa fase Peugeot 307 há de passar rápido…