coming up
dentro de algumas horas, pegarei o rumo da cidade de Brasília, a minha cidade do coração. aquela que me fez sentir bem de novo quando já imaginava que nunca me sentiria assim. aquela que me faz chorar em aeroportos, rodoviárias e até mesmo na sala de estar de casa, quando escrevo sobre lágrimas. Brasília, aparentemente um diletantismo perdido no meio do deserto de cerrado e idéias que é o Brasil, poderia não fazer sentido nenhum pra ninguém. mas pra mim faz todo.
em quatro anos, é minha sétima viagem à cidade e, como nas seis anteriores, vou com uma vontade dentro de mim que diz que essa deveria ser a viagem definitiva para lá. pela primeira vez, vou perto do fim do ano. e essa viagem de agora é parte presente, parte terapia: presente porque, depois dessa faculdade me consumir cinco anos de dedicação, eu merecia uns dias ao lado dos meus amigos e da minha cidade. terapia porque morar aqui em Hollywood acaba com o fígado e os pulmões de qualquer um – sem contar o estoque de potássio, claro.
mas, por ser fim de ano, tem suas peculiaridades: quando o vôo 1782 da Gol galgar velozmente o céu numa subida rápida e indolor, eu vou sentir todos os meus amigos junto. os de lá, os de cá, os de todas as paragens no mundo, os consangüíneos e os que a vida me deu aos poucos. porque, se estou subindo na vida, ainda que no sentido figurado, devo muito disso a todas as pessoas do mundo que gostam de mim e me apóiam – e eu sei quem são, embora não pareça.
por ser fim de ano, também, dá pra fazer um pano rápido e falar um pouco deste blógue: obrigado a todos que, de certa forma, passam (ou passaram) por aqui, mesmo que não tenham gostado. quando escrevo aqui, sempre me imagino em algum ponto remoto da Polinésia Francesa, acompanhado apenas de um rádio sintonizando a RFI em ondas curtas, escrevendo algo para alguém, do outro lado do mundo, que nem faço idéia de quem seja – aquilo que, na sétima série, a professora Maria Helena te ensinou que se chamava “sujeito indeterminado”.
do rádio para a tevê: é nessa época do ano que as principais novidades na grade de programação (filmes, seriados, especiais) aparecem. na tevê por assinatura, então, é quando começam as novas temporadas das séries que terminaram há alguns meses. anteontem foi reprisado o último episódio da primeira temporada do “The O. C.“, um dos meus preferidos. a uma certa altura, o Seth diz ao Ryan que irmãos velejam. e eu pensei nisso como uma forma de desligar-se, no mar, de tudo que nos preocupa em terra. tem ainda uma música do Noël Coward, que conheci por meio da versão dos Pet Shop Boys, chamada “Sail away“, que fala algo sobre isso:
quando as nuvens de chuva estão andando
sob um céu de inverno
navegue pra longe, navegue pra longe
quando a luz do amor está se apagando
no olho de quem você ama
navegue pra longe, navegue pra longe
quando você sente que sua canção
está sendo orquestrada errada
por quê você prolongaria sua estada?
quando o vento e a temperatura
sopram seus sonhos pro alto do céu
navegue pra longe, navegue pra longe
quando sua vida parecer tão difícil
pra erguer-se e crescer
navegue pra longe, navegue pra longe
quando o seu coração parecer tão melancólico
quanto uma luva usada
navegue pra longe, navegue pra longe
mas quando, cedo ou tarde,
você reconhecer seu destino
será o seu grande dia
nas asas da manhã, com o seu próprio amor de verdade
navegue pra longe, navegue pra longe, navegue pra longe
assim, navegando para Brasília, uma cidade sem mar mas com um lago de boas idéias, acaba a segunda temporada de life in slow motion. vejo vocês na terceira temporada, a se iniciar assim que eu voltar de Brasília (6 ou 7 de dezembro). um abraço a todos, obrigado por tudo… e até daqui a uns dias.